Já falamos sobre o que é a endometriose, o que causa, a importância do estrógeno para o seu desenvolvimento e da resistência à progesterona (confira o conteúdo do blog e do Instagram). Para relembrar – ou contextualizar, caso você ainda não tenha lido os outros textos– a propagação da endometriose pode se dever ao refluxo do tecido menstrual para dentro dos ovidutos ou ao movimento de tecido através dos vasos linfáticos, ou ambos. A endometriose frequentemente exibe sangramento cídico e está associada à infertilidade, dor na defecação, dor ao urinar, dor na relação sexual ou dor pélvica generalizada. Isto posto, neste momento, acho relevante comentar um pouco sobre a importância da individualização da paciente no tratamento dessa doença.
Já ouviu aquela frase: O médico deve tratar o doente e não a doença ? Gosto desse enunciado, pois ilustra bem o que é a individualização do paciente. É claro, saber objetivamente como se trata a endometriose é importante, mas o atendimento médico não se resume em diagnóstico e resolução. Essa visão mecânica não dá luz à humanidade necessária no atendimento médico. A paciente possui medos, sonhos, problemas sociais (eventualmente) e pode apresentar outros problemas de saúde diferentes da endometriose. Toda essa constelação de fatores deve ser levada em consideração, uma vez que irá impactar na adesão ao tratamento, na saúde física e psicológica.
Por exemplo, se o perfil da paciente for a de uma mulher com sintomas leves, a qual deseja engravidar antes do tratamento, em geral, é preferível realizar o tratamento por meio de anti-inflamatórios não esteroidais, a fim de mitigar os desconfortos (dores), e hormônios, com o fito de combater os efeitos causados pelo estrogênio, responsável pelo desenvolvimento do endométrio no sítio ectópico (fora do útero).
Todavia, se os sintomas não forem tão amenos e, ainda assim, a mulher deseja engravidar, tratamentos mais invasivos acabam sendo uma opção. Eliminando os endometrioma–se possível– é possível reduzir consideravelmente as dores pelvicas e restabelecer o bem estar. O problema é que algumas mulheres não conseguem engravidar após o procedimento, sendo necessária uma abordagem por meio de fertilização in vitro. Nesse contexto, ainda é necessária uma outra orientação sobre os riscos e benefícios desse tipo de abordagem, bem como uma explicação de como funciona o procedimento.
Por fim, a avaliação das outras singularidades de saúde da paciente também é de fundamental importância. Doenças crônicas, hábitos de vida, acesso a medicamentos e até mesmo religião são questões que devem ser levadas em consideração durante a abordagem e o tratamento da mulher.
Referências:
JAMESON, J. Larry et al. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes - 20.ed.. McGraw Hill Brasil, v. 3, f. 2020. 4040 p.1283
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