A melatonina, popularmente conhecida como “hormônio do sono”, é um hormônio derivado da serotonina, da qual o triptofano faz o papel de precursor. A sua produção ocorre na glândula pineal e a sua regulação, diferentemente dos hormônios do eixo hipotálamo-hipófise, regidos por feedback, ocorre mediante o estímulo luminoso percebido no trato retino-hipotalâmico. Nesse sentido, quando há estímulo luminoso, a produção é inibida. Por outro lado, na ausência de luz, a produção de melatonina é estimulada. Esse processo acontece de forma coordenada por meio de uma ligação neuroendócrina entre a glândula pineal e o núcleo supraquiasmático.
A falta de estímulo luminoso, nesse viés, determina a secreção de melatonina pela glândula pineal e, dentre as suas funções, a mais conhecida é a indução do sono, processo relacionado a inúmeras funções do corpo, como: preservação da memória, recuperação muscular e modulação do estresse. A indução do sono por esse hormônio também é fundamental para a secreção de hormônios, como o GH (hormônio do crescimento), bem como para a regulação da ativação de processos anabólicos do nosso metabolismo.
Nesse viés, é fácil deduzir que a melatonina desempenha um papel antagônico ao cortisol no ciclo sono-vigília. Enquanto o cortisol apresenta os seus níveis mais altos –na ausência de distúrbios endócrinos– durante as primeiras horas do dia e exerce um papel importante no estresse oxidativo, na coordenação de vias metabólicas de catabolismo, permitindo o estado de alerta, a melatonina apresenta os seus níveis mais altos no final do dia, quando a iluminação é diminuta, e está relacionada aos processos anabólicos e de repouso do corpo.
No entanto, para além de um “maestro” do ciclo circadiano, a melatonina está intimamente associada a diversos processos do metabolismo energético do corpo humano. Desse modo, pesquisas clínicas e experimentais apontam que animais e humanos com deficiência na produção desse hormônio, tendem a desenvolver resistência à insulina, tolerância à glicose, distúrbios na secreção de insulina e dislipidemia.
Desse modo, as ações da melatonina no corpo humano abrangem aspectos relacionados ao ciclo circadiano e ao metabolismo. Problemas na secreção desse importante mensageiro químico tem reflexos comportamentais, psicológicos e endócrinos, os quais podem prejudicar consideravelmente a qualidade de vida dos indivíduos afetados com alteração na sua secreção.
Referências:
SAHAR , Saurabh ; SASSONE-CORSI, Paolo . Regulation of Metabolism: The Circadian Clock dictates the Time. Trends Endocrinol Metab. Center for Epigenetics and Metabolism, School of Medicine, University of California, Irvine, Irvine, California, 2012. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3259741/#!po=39.6552. Acesso em: 1 jan. 2022.
HOHL, Alexandre; MANCINI, Márcio; HALPERN, Bruno. POSICIONAMENTO DA SBEM SOBRE A MELATONINA. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Rio de Janeiro/RJ, v. 1, n. 1, p. 1-6, abr./2021.
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