top of page
Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Benefícios da suplementação de N- Acetilcisteína.

Atualizado: 22 de nov. de 2022


A N-Acetilcisteína é um composto acetilado, precursor da L-cisteína. Apresenta diferentes potenciais de uso que vão desde o ambiente hospitalar e clínico, até a suplementação para aumento de performance, neuroproteção e melhora do poder antioxidante natural do corpo. É reconhecida pela OMS como uma medicação básica devido ao seu uso no tratamento de overdose de paracetamol e em terapias mucolíticas para várias condições pulmonares, como a doença pulmonar crônica obstrutiva.


Os benefícios da N-Acetilcisteína se devem à sua capacidade de potencializar e restaurar os sistemas antioxidantes naturais e do óxido nítrico durante situações de estresse, infecção, toxicidade ou inflamação. Os seus mecanismos de atuação mais bem elucidados são a neutralização direta de radicais livres e o aumento dos níveis de glutationa, o maior antioxidante natural do corpo. Além do potencial antioxidante, a N-Acetilcisteína também apresenta a capacidade de limitar a liberação de citocinas no momento inicial da resposta imune, prevenindo uma exacerbação da resposta inflamatória.


A glutationa exerce papel fundamental nos processos de detoxificação e neutralização de radicais livres, o que já elucida um importante uso da N-Acetilcisteína:ao suportar os níveis de glutationa, exerce efeito protetor nas células contra xenobióticos, compostos peróxidos e outras substâncias que podem aumentar a produção de radicais livres, além da ação antioxidante direta contra as espécies reativas de oxigênio.


Essa modulação do ambiente REDOX também justifica o uso da suplementação para fins de performance. Durante o exercício físico, acontece um aumento expressivo dos níveis de radicais livres. Em níveis moderados, essas espécies são necessárias para estimular os processos de adaptação, mas em excesso, geram danos celulares e prejudicam a função muscular. Ao suprir o músculo com a N-Acetilcisteína, estamos suprindo o mesmo com cisteína, aumentando a síntese de glutationa e gerando um ambiente em que os níveis de estresse oxidativo estão dentro do nível adequado apenas para gerar as respostas de adaptação. Os estudos ainda são inconclusivos em relação às doses exatas para esse uso, mas o intervalo na literatura vai de 1.2 - 20g.


Outra possibilidade de uso dessa suplementação é como adjuvante de terapias para condições neurodegenerativas e doenças de saúde mental. Isso se deve ao fato de que seus mecanismos de ação exercem potencial neuroprotetor. A capacidade de propiciar uma redução da neurotransmissão glutamatérgica é uma das justificativas para o uso de NAC em doenças neuropsiquiátricas, como a esquizofrenia e diferentes tipos de vícios. No Mal de Parkinson, teoriza-se que a NAC ajuda a manter e restaurar os níveis de glutationa, controlando os danos causados pelo estresse oxidativo que parece ser uma das causas de destruição dos neurônios dopaminérgicos, uma das principais características patológicas dessa condição. Também investiga-se o uso da suplementação no Alzheimer, na dor neuropática e acidente vascular cerebral. Em todas essas condições, as doses e mecanismos de ação ainda necessitam de maior elucidação.


O interesse no uso dessa suplementação se deve ao fato de ser uma opção barata e fácil de achar. Pode ser utilizada de maneira intravenosa e oral, porém os efeitos colaterais ainda não estão muito claros. Além dos usos já estabelecidos na medicina, a recomendação para os esportes e saúde mental ainda necessitam de maior aprofundamento científico.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Rhodes, K., & Braakhuis, A. (2017). Performance and Side Effects of Supplementation with N-Acetylcysteine: A Systematic Review and Meta-Analysis. Sports Medicine, 47(8), 1619–1636. doi:10.1007/s40279-017-0677-3

Millea, P. J. (2009). N-Acetylcysteine: Multiple Clinical Applications Am Fam Physician. 2009 Aug 1;80(3):265-269

Tardiolo, G., Bramanti, P., & Mazzon, E. (2018). Overview on the Effects of N-Acetylcysteine in Neurodegenerative Diseases. Molecules, 23(12), 3305. doi:10.3390/molecules23123305


whatsapp-logo-1.png
bottom of page