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Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Como os hormônios adrenais agem na saúde da mulher

Atualizado: 21 de nov. de 2022


Quando falamos em hormônios e saúde da mulher, o que logo vem à cabeça? Estradiol e progesterona, certo? FSH, LH e testosterona também podem surgir na mente, mas, de qualquer forma, acabamos nos atendo a esses hormônios mais associados com a função reprodutiva (e que, na verdade, atuam em muitas outras searas além dessa!). Mas o foco aqui é falar um pouco sobre os hormônios adrenais, que possuem diferentes ações no organismo feminino e precisamos entender um pouco melhor sobre eles.


As glândulas adrenais são órgãos endócrinos localizados, anatomicamente, acima dos rins. Dizer que são órgãos endócrinos implica na ideia que liberam hormônios, moléculas que atuam em outras partes mais distantes do corpo, orquestrando o seu funcionamento. A parte interna das glândulas adrenais, conhecida como medula adrenal, secreta as catecolaminas: adrenalina, noradrenalina e também a dopamina. Esses hormônios estimulam atuações associadas ao funcionamento do sistema nervoso simpático: regulação da pressão arterial, da frequência cardíaca e alguns outros mecanismos de adaptação do corpo para a resposta de “luta ou fuga” que acontece frente a situações estressoras. Além da medula, essas glândulas possuem uma porção mais externa, chamada córtex adrenal, que também produz outros tipos de hormônios: os corticosteróides e os mineralocorticóides. Vamos nos ater a eles!


No grupo dos corticosteróides, destaca-se o cortisol. Apesar de ter uma fama não muito boa por estar associado ao estresse, em níveis adequados, esse hormônio é primordial na saúde da mulher. Primeiramente, o cortisol é capaz de regular o metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios, os nutrientes que entregamos ao nosso corpo quando nos alimentamos. Como também está envolvido na resposta de luta ou fuga, quando esse hormônio é liberado, o organismo entende que precisa de energia para estar preparado para lidar com uma situação ambiental desafiadora. Por isso, o cortisol mobiliza substrato dos nossos estoques corporais: retira glicose dos estoques de glicogênio, mobiliza ácidos graxos das moléculas de gordura e também pega proteínas dos músculos. Logo, quando a sinalização de cortisol no organismo é excessiva, a massa muscular fica comprometida. Mas caso aconteça em níveis saudáveis, ajuda a evitar quadros de hipoglicemia se acabamos ficando em jejum, por exemplo.


Outra função do cortisol é ativar o estado de vigília assim que acordamos, tanto que seu pico acontece pela manhã e vai reduzindo até o final do dia, para dar lugar a melatonina, associada ao relaxamento. Esse hormônio também possui ação anti inflamatória. Nessa função, tanto o excesso quanto a falta são prejudiciais: se uma mulher apresenta muito cortisol circulante, sua imunidade fica comprometida; no cenário contrário, a inflamação toma conta do organismo.


Os mineralocorticóides são responsáveis pelo balanço hídrico do corpo, controlando a pressão arterial, os níveis de sódio e potássio. A aldosterona é um hormônio mineralocorticóide que, quando liberado pela adrenal, aumenta a retenção de líquidos, consequentemente, aumentando a pressão arterial. Mais uma vez, o que deve se ter atenção é no excesso de aldosterona, que pode ser um importante fator de risco para o desenvolvimento da hipertensão em mulheres. A progesterona, um dos hormônios sexuais femininos, produzidos nos ovários, é capaz de se ligar aos receptores de aldosterona e inibir esse efeito de retenção hídrica, sendo muito importante um balanço entre os níveis desses hormônios para proteger a saúde vascular feminina.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Boschitsch, E., Mayerhofer, S., & Magometschnigg, D. (2010). Hypertension in women: the role of progesterone and aldosterone. Climacteric, 13(4), 307–313. doi:10.3109/13697131003624649


Coutinho, A. E., & Chapman, K. E. (2011). The anti-inflammatory and immunosuppressive effects of glucocorticoids, recent developments and mechanistic insights. Molecular and cellular endocrinology, 335(1), 2–13. doi: 10.1016/j.mce.2010.04.005

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