A dehidroepiandrosterona, também conhecida como DHEA, e seu derivado sulfatado DHEA-S, são os hormônios esteróides mais abundantes presentes na circulação humana. Grandes quantidades desses compostos são produzidos durante o desenvolvimento fetal. Após o nascimento, essas taxas caem drasticamente e a síntese recomeça durante a segunda década de vida.
A produção adrenal de DHEA começa durante a puberdade, atingindo o pico aos 20 anos e diminuindo com o envelhecimento a partir dos 25 anos. Estima-se que, após essa idade, a dehidroepiandrosterona reduz, em média, 2% ao ano de forma progressiva. Em uma linguagem mais simples, significa que próximo da terceira década de vida ocorre um declínio dependente da idade nos níveis de DHEA e DHEA-S, o qual progride com o avanço da idade.
A DHEA serve como um precursor indireto para os hormônios reprodutivos masculino e feminino, isto é, estrogênio e testosterona e vários outros hormônios esteróides. Além disso, ele é utilizado para a energia, vitalidade e suporte natural da maioria das funções que envolvem o sistema endócrino. O metabolismo de gorduras e minerais, o controle de estresse e a manutenção das características masculinas e femininas também são intimamente reguladas pela DHEA.
A biossíntese na DHEA no corpo humano é derivada da transformação do colesterol em pregnenolona, a qual remove a cadeia lateral de 6 carbonos da molécula de colesterol. Posteriormente, pela ação da enzima citocromo P450c17, a pregnenolona é convertida em DHEA. Finalmente, a convenção de DHEA em seu derivado sulfatado DHEA-S é catalisada por uma hidroxil-esteróide sulfotransferase dependente de fosfo-adenosina-fosfosulfato, processo que pode ser revertido pela ação da hidrólise de uma sulfatase. Outrossim, o hormônio em questão apresenta um potencial na composição corporal, problemas da menopausa, bem como na prevenção de doenças cardíacas.
DHEA em doenças cardíacas
A literatura mostra que a dehidroepiandrosterona pode controlar o desenvolvimento da aterosclerose, além de estar associada ao retardamento do processo de envelhecimento. Esses trazem um argumento para o aumento dos níveis de DHEA por suplementação, com o objetivo de reduzir a deterioração desencadeada pela aterosclerose.
Ainda assim, os níveis baixos de DHEA são associados a ataques cardíacos fatais em homens. Isso se deve, ao fato de que sua redução associou-se a um maior bloqueio das artérias do coração, dado comprovado por imagens cardíacas especializadas.
DHEA na composição corporal, metabolismo ósseo e pele
A literatura mostra que o tratamento com DHEA por 1 ano, quando comparado com a linha de base e o placebo, resultou em uma redução significativa de gordura corporal associada a um aumento na massa muscular. Em estudos de curto prazo, entre 3 e 4 meses, o resultado não foi o mesmo. No entanto, a partir dos 6 meses de tratamento, homens saudáveis não obesos, com idade entre 50 e 65 anos, observaram-se uma redução de massa gorda em 6,1%. Além disso, é notório uma redução dos níveis de triglicerídeos e LDL, melhora dos níveis de HDL, mas sem alteração no nível de colesterol em indivíduos com idade entre 65 e 82 anos.
O tratamento com DHEA, mostrou-se eficaz quando os níveis de DHEA-S estavam abaixo do nível basal. Foi descrita uma melhora significativa na densidade mineral óssea para o corpo total e coluna lombar após 6 meses, sendo que o mesmo foi observado em pacientes com osteoporose. Supõe-se que o efeito protetor do DHEA no osso se dá pela conversão do DHEA em andrógenos e estrógenos em osteoblastos humanos.
Além disso, o DHEA parece ter efeitos positivos na estrutura e função da pele, melhorando a hidratação, o brilho, aumentando a produção de sebo e prevenindo rugas.
DHEA na menopausa
Estudos preliminares mostram que a suplementação de DHEA pode aumentar os níveis de alguns hormônios em mulheres na pós menopausa. Mais estudos na área são necessários, por conta dos resultados conflitantes, mas apesar disso, alguns afirmam que o uso de DHEA alivia os sintomas da menopausa sem aumentar o risco de câncer de mama ou câncer do revestimento do útero. Outro ponto levantado é que o DHEA pode ser convertido em estrogênio ou testosterona no corpo, o que pode ser perigoso para mulheres ou homens com histórico de câncer sensível a hormônios, como câncer de mama ou próstata.
Vale lembrar que não há provas de que o DHEA não aumente o risco desses cânceres, bem como não há evidências ou provas de que ele pode aumentar ou reduzir o crescimento de células de câncer de mama. Por isso, pessoas com histórico de câncer ou com alto risco de câncer não devem tomar DHEA sem a supervisão médica.
—
ARTIGO RELACIONADO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Klinge, Carolyn M et al. Dehydroepiandrosterone Research: Past, Current, and Future. Vitamins and hormones, vol. 108 (2018): 1-28. doi: 10.1016/bs.vh.2018.02.002
Sahu, Poonam et al. Pharmacological activities of dehydroepiandrosterone: A review. Steroids, vol. 153 (2020): 108507. doi: 10.1016/j.steroids.2019.108507