Breve entendimento sobre diabetes
Diabetes, sabidamente, é uma doença altamente prevalente no mundo e no Brasil. Em território nacional, estima-se que o número de pessoas com diabetes somam 16,8 milhões, o que corresponde a cerca de 7% da população. Em síntese, os dois principais tipos de diabetes são:
Tipo 1: Menos prevalente, autoimune, mais comum de aparecer em crianças com aproximadamente 12 anos. Sinais clássicos, poliúria, polidipsia e, em casos mais graves, cetoacidose diabética, podem se manifestar
Tipo 2: Paciente oligossintomático. A doença se manifesta mais frequentemente em pessoas mais velhas, em razão de uma combinação de fatores, como resistência insulínica, destruição das células beta pancreáticas.
Qual a relação com as DCV ?
Os diabéticos devem se atentar especialmente às doenças cardiovasculares, como o AVC (acidente vascular cerebral), o infarto do miocárdio, aterosclerose e insuficiência cardíaca. Isso porque, em razão das lesões provocadas nos vasos sanguíneos em razão dos altos níveis de glicose no sangue, o risco dos diabéticos desenvolverem DCV é de duas a três vezes maior. Isso se agrava significativamente com outros fatores de risco, como tabagismo, obesidade e hipertensão. O problema é que, em geral, a diabetes tipo 2 (a mais frequente na população) não se manifesta isoladamente, até porque a sua fisiopatologia está fortemente atrelada à obesidade e, por conseguinte, à hipertensão. Como resultado da soma de todos esses fatores de risco, há um montante que coloca a pessoa diabética em uma situação de alta probabilidade de desenvolver DCV.
Como isso ocorre ?
As doenças cardiovasculares nos diabéticos ocorrem, dentre outros motivos, em razão do metabolismo desregulado dos lipídios e da glicose, o que contribui para o aumento do estresse oxidativo e na ativação de vias metabólicas inflamatórias que culminam com a lesão de vasos e do próprio coração.
Como prevenir ?
Diante desse contexto marcado pela estreita relação entre essas duas doenças, é importante ressaltar quais são as abordagens mais eficazes para a prevenção de complicações vasculares.
A princípio, isso deve ser feito mediante a redução dos fatores de risco:
Glicemia alta
tabagismo
Obesidade
Sedentarismo
Pressão arterial alta
Exame de triglicérides alterado
Não espere os sintomas aparecerem
Não se engane, tanto a diabetes como as doenças cardiovasculares podem ser assintomáticas, principalmente nas fases iniciais. Ademais, em alguns casos, nos quais a diabetes afeta os nervos (neuropatias), os sintomas característicos de um infarto, como a angina (dor aguda no tórax) podem ser mascarados, o que dificulta uma abordagem rápida e aumenta o risco de óbito. Por isso, especialmente aos diabéticos, é importante a realização regular de exames para monitorar os fatores de risco, como controle diário da glicemia, pressão arterial e triglicerídeos. Além disso, outras medidas de prevenção também são fundamentais, como o abandonar o hábito de fumar, controlar a pressão arterial, realizar atividades físicas, controlar o peso mediante uma boa alimentação e controlar a glicemia.
Boa notícia
Aos diabéticos e hipertensos, não se assustem. Se os parâmetros de glicemia, triglicerídeos (LDL), pressão arterial atingirem as metas do tratamento, os riscos caem drasticamente e, com isso, é possível alcançar um padrão diferente de vida tão ou mais saudável do que uma pessoa sem essa condição. Para tanto, é importante salientar que é necessário buscar ajuda médica. Nem sempre os valores de referência dos laboratórios que indicam “normalidade” são adequados às condições de alguém com alguma doença crônica. Além disso, sobretudo, é necessário apostar na mudança do estilo de vida e não só nos medicamentos prescritos.
Referências:
EINARSON, Thomas . Prevalence of cardiovascular disease in type 2 diabetes: a systematic literature review of scientific evidence from across the world in 2007–2017. 2018. Disponível em: https://cardiab.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12933-018-0728-6. Acesso em: 1 jan. 2022.
TAN, Yi . Mechanisms of diabetic cardiomyopathy and potential therapeutic strategies: preclinical and clinical evidence. nature reviews cardiology. 2020. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41569-020-0339-2. Acesso em: 1 jan. 2022.
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