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Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Doenças autoimunes e tratamento com vitamina D

Dados epidemiológicos sugerem uma associação entre a baixa exposição à radiação

solar e a incidência de doenças autoimunes, tais como esclerose múltipla, doenças

inflamatórias intestinais, psoríase e artrite reumatoide. A vitamina D tem capacidade de se

ligar em diversas células do sistema imunológico, graças a essa ligação a vitamina é capaz de

modular o sistema imunológico nato e inato.


O tratamento de psoríase com suplementos de vitamina D, em doses e intervalos de

tempo específicos, pode reduzir a área afetada e a gravidade da doença. Os pacientes

apresentam melhores resultados quando os níveis séricos da vitamina são mantidos entre 40 -

60ng/ml.


Indivíduos que não apresentam melhora do quadro clínico da esclerose múltipla com

o tratamento convencional podem ter benefícios com a suplementação de altas doses de

vitamina D. Esse tipo de tratamento ainda é relativamente novo e mais estudos estão sendo

desenvolvidos para identificar sua real eficácia.


A suplementação de vitamina D pode reduzir os riscos de desenvolver artrite

reumatoide. Além disso, estudos preliminares sugerem que essa suplementação tem potencial

de reduzir as dores e os inchaços provocados pela doença. Entretanto, mais estudos são

necessários para esclarecer os reais benefícios dessa terapia.


A redução de fadiga e inflamação, a melhora da função endotelial e o aumento dos

níveis de vitamina D em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico pode ocorrer com a

suplementação desse nutriente.


O excesso de vitamina D pode causar fraqueza, náusea, anorexia, dor de cabeça,

cãibra e diarreia. A maioria dos sintomas está relacionada a hipercalcemia (aumento dos

níveis de cálcio no sangue), pois a vitamina D é responsável pelo metabolismo desse mineral

e o excesso de vitamina D predispões o excesso de cálcio. Nos casos mais graves, pode

provocar hipertensão arterial, encefalopatia hipertensiva, cálculos urinários, calcinose

(calcificação de tecidos moles – vasos sanguíneos, rins, coração e pulmão).


A vitamina D é lipossolúvel e pode ser armazenada do tecido adiposo. Por isso,

mesmo após a interrupção da suplementação, os níveis de cálcio podem permanecer altos por

alguns meses, pois a liberação da vitamina para a corrente sanguínea ocorre de forma gradual.


Nas doenças autoimunes, os benefícios da suplementação estão relacionados à

capacidade da vitamina D inibir a autoimunidade. Entretanto, esse tipo de suplementação

deve ser feito apenas com acompanhamento médico e nutricional, de modo a evitar a

hipercalcemia.


É importante lembrar que os pacientes que utilizam essa suplementação

precisam dosar os níveis de cálcio e de vitamina D no sangue rotineiramente (a cada 3 meses

aproximadamente). Nos casos de doses muito elevadas de vitamina D, é necessário restringir

o consumo de cálcio para evitar hipercalcemia.


Referências:


Charoenngam N, Holick MF. Immunologic Effects of Vitamin D on Human Health and

Disease. Nutrients. 2020 Jul 15;12(7):2097. doi: 10.3390/nu12072097. PMID: 32679784;

PMCID: PMC7400911.


Sassi F, Tamone C, D'Amelio P. Vitamin D: Nutrient, Hormone, and

Immunomodulator. Nutrients. 2018 Nov 3;10(11):1656. doi: 10.3390/nu10111656. PMID:

30400332; PMCID: PMC6266123.

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