A semaglutida é um fármaco inicialmente indicado para adultos com diabetes mellitus tipo II descompensado. No entanto, ele tem ganhado popularidade em razão de sua capacidade de contribuir para o emagrecimento, sendo aceito em 2021 pela FDA para ser usado para controle da obesidade e do sobrepeso, principalmente em função dos seus mecanismos relacionados à redução do apetite. Mas, afinal, qual é a explicação para esse funcionamento ?
Para entender esse processo, é importante resgatar alguns conceitos da fisiologia gastrointestinal, em especial, em relação a um hormônio produzido pelo intestino, o GLP1 ( peptídeo 1 semelhante ao glucagon). Esse hormônio, juntamente com o GIP ( peptídeo insulinotrópico glicose dependente ) faz parte da classe das incretinas. A sua liberação ocorre mediante o estímulo provocado pela presença de glicose no trato intestinal, especialmente no íleo e no cólon. Entre as suas funções estão:
Diminuição da velocidade do esvaziamento gástrico
Aumento da sensibilidade dos receptores à insulina
Estímulo da secreção de insulina
Diminuição da secreção de glucagon
Aumento da proliferação de células beta pancreáticas
Diminuição da fome
Repare que da segunda função citada à quinta está a explicação do porquê o GLP1 é usado para pessoas com diabetes do tipo II. Além disso, a atuação na redução da fome é estabelecida na medida em que esse hormônio atua nos neurônios anorexigênicos e orexigênicos. Esses neurônios se encontram na região do núcleo arqueado e possuem funções antagônicas um em relação ao outro. Enquanto os neurônios orexigênicos estimulam a fome, os neurônios anorexigênicos desestimulam.
Mas o que a semaglutida tem a ver com tudo isso ? Este medicamento é um análogo do GLP1, o qual produzimos naturalmente. Dessa maneira, as suas funções são semelhantes, dentre as quais, para a perda de peso, a redução de apetite é singular e relevante. Esta, por sua vez, deve-se ao estímulo dos neurônios anorexigênicos e da inibição dos neurônios orexigênicos e, também, a redução do esvaziamento gástrico.
No entanto, ainda que a semaglutida seja considerada segura e eficaz para o emagrecimento, conforme indica um artigo recente do The New England Journal of Medicine, é fundamental um acompanhamento médico para avaliar as reais necessidades e possíveis contraindicações. Ademais, tal medicação pode provocar alguns efeitos colaterais, como náuseas e vômitos.
Referências:
BRIERLEY , Daniel . Central and peripheral GLP-1 systems independently suppress eating: Nature metabolism. 2021. 27 p. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s42255-021-00344-4. Acesso em: 17 out. 2021.
WILDING, John . Oral Semaglutide and Cardiovascular Outcomes in Patients with Type 2 Diabetes. The new england journal of medicine. 2021. 27 p. Disponível em: https://www.nejm.org/search?q=Semaglutide. Acesso em: Data inválida.