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Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Exercício físico, microbiota intestinal e imunidade: qual a relação?

Atualizado: 21 de nov. de 2022


Exercício e microbiota:


Ao longo dos anos, cientistas têm descoberto uma série de funções do intestino, as quais vão muito além dos processos digestivos do Trato Gastrointestinal (TGI). Muito disso deve-se ao complexo ecossistema de bactérias, arqueas, eucariotos, vírus e fungos que co-evoluíram com a espécie humana ao longo de milhares de anos. Conhecidos coletivamente como microbiota intestinal, esses microorganismos podem pesar até 2 kg e são imperativos para a digestão do hospedeiro, função metabólica e modulação da imunidade. São mais de 1000 espécies bacterianas e mais de 3 milgões de genes (microbiomas), os quais determinam uma grande diversidade de funções para o nosso organismo.


Disbiose, exercícios físicos e imunidade:


A disbiose, por sua vez, trata-se do desequilíbrio desses micro-organismos, que passam a ter a sua quantidade e variabilidade diminuida em razão de fatores genéticos e, principalmente, em função dos hábitos de vida. As consequências da disbiose são múltiplas e vão desde doenças inflamatórias e infecciosas, como candidíase, até distúrbios metabólicos/ energéticos. Para prevenir esses problemas, intervenções dietéticas com pré e probióticos podem ser de extrema relevância, mas estudos recentes sugerem que o exercício também pode alterar as comunidades microbianas intestinais.


Entre os efeitos benéficos do exercício físico para a imunidade através dos efeitos benéficos para a microbiota podemos citar:


  • Melhora da imunidade inata

  • Melhora da imunidade adaptativa

  • Melhora da resposta contra infecções virais e bacterianas

  • Melhora da circulação linfática e transporte das células imunes ao longo do corpo


O efeito dos exercícios:


Segundo pesquisas feitas com animais, bem como estudos observacionais longitudinais, a prática regular de exercícios físicos contribui para a manutenção da saúde da microbiota, na medida em que regula os processos inflamatórios influenciados pelos tecidos linfoides associados ao intestino (GALT) propiciando um melhor ambiente para a sobrevivência desses micróbios. Para ilustrar, Hoffman-Goetz e colaboradores descobriram que o exercício altera a expressão gênica de linfócitos intraepiteliais, regulando negativamente as citocinas pró-inflamatórias e regulando positivamente as citocinas anti-inflamatórias e enzimas antioxidantes. Além disso, o exercício pode afetar a integridade da camada de muco intestinal, que desempenha um papel importante em impedir que os micróbios adiram ao epitélio intestinal e serve como um substrato importante para certas bactérias associadas à mucosa, como A. muciniphila.


Sendo assim, o exercício é um fator determinante para a composição microbiana qualitativa e quantitativa do intestino com possíveis benefícios para o hospedeiro. A diversidade da microflora estável e enriquecida é indispensável para a homeostase e fisiologia intestinal normal, contribuindo para a manutenção da saúde do indivíduo em suas diversas dimensões (metabólicas, imunológicas*, fisiológicas, etc).


Referências:


LUCY, Mailing et al. Exercise and the Gut Microbiome: A Review of the Evidence, Potential Mechanisms, and Implications for Human Health. 2019. Disponível em: 10.1249/JES.0000000000000183. Acesso em: 24 mar. 2022.


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