A Anvisa aprovou recentemente um novo medicamento injetável, o inclisiran, projetado para controlar o colesterol ruim (LDL), um fator significativo por trás de problemas cardíacos.
Inclisiran
Inclisiran (Leqvio; Novartis) é um RNA de interferência pequeno (siRNA) de primeira classe, redutor de colesterol, conjugado a carboidratos de N-acetilgalactosamina triantenais (GalNAc). O Inclisiran recebeu sua primeira aprovação em dezembro de 2020 na UE para uso em adultos com hipercolesterolemia primária (heterozigótica familiar e não familiar) ou dislipidemia mista, como adjuvante da dieta.
Destina-se ao uso em combinação com uma estatina ou uma estatina com outras terapias hipolipemiantes em pacientes incapazes de atingir as metas de colesterol de lipoproteína de baixa densidade com a dose máxima tolerada de estatina.
Em pacientes intolerantes à estatina ou para os quais uma estatina é contraindicada, o inclisiran pode ser usado sozinho ou em combinação com outras terapias hipolipemiantes. Inclisiran é administrado como uma injeção subcutânea duas vezes por ano. Este artigo, resume os marcos no desenvolvimento do inclisiran que levaram a esta primeira aprovação para hipercolesterolemia primária ou dislipidemia mista.
O que a ciência diz sobre o Inclisiran?
Estudos revelam que com apenas duas aplicações anuais, é possível reduzir em média 52% dos níveis de LDL. Segundo o Dr. Raul Dias dos Santos Filho, professor no Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da USP e diretor da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas, o avanço desse medicamento está na simplificação do tratamento para problemas de colesterol.
Ao contrário das injeções usuais, como os anticorpos monoclonais, que necessitam ser administradas a cada 15 dias ou mensalmente, essa nova terapia é muito mais simples. No primeiro ano, requer apenas três injeções, reduzindo-se para duas a partir do segundo ano, com intervalos de seis meses entre elas. O Dr. Raul explica que essa abordagem tem potencial para revolucionar a perspectiva dos pacientes em relação ao tratamento, tornando-o mais fácil de seguir e aumentando a adesão ao longo do tempo.
E as estatinas?
As estatinas, medicamentos acessíveis, são comumente usadas para reduzir os níveis de colesterol. No entanto, destaca que apesar desse uso generalizado, as taxas de ataques cardíacos persistem, evidenciando a necessidade de uma redução mais significativa no colesterol. Para aqueles com condições cardíacas, a recomendação é uma diminuição substancial do colesterol, cerca de metade do valor original, algo desafiador de alcançar apenas com estatinas.
O novo medicamento oferece uma vantagem significativa ao reduzir os riscos de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e derrames. Por isso, ele é direcionado as pessoas mais suscetíveis a esses eventos. O enfoque inicial dessa terapia será para indivíduos que já enfrentaram ataques cardíacos, tiveram derrames, passaram por cirurgias cardíacas, como pontes de safena, e que continuam com níveis inadequados de colesterol LDL, conforme ressaltado pelo cardiologista. Além disso, as injeções também visam pessoas com predisposição genética ao colesterol elevado, um grupo que, segundo o professor, enfrenta extrema dificuldade em alcançar os valores adequados de colesterol.
Referências:
Lamb YN. Inclisiran: First Approval. Drugs. 2021 Feb;81(3):389-395. doi: 10.1007/s40265-021-01473-6. Erratum in: Drugs. 2021 Jun;81(9):1129. PMID: 33620677; PMCID: PMC7900795.
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