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  • Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Metabolismo pós cirurgia bariátrica: os principais hormônios afetados

Atualizado: 21 de nov. de 2022


A obesidade tornou-se uma epidemia mundial, sendo considerada um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Nesse sentido, umas das formas de tratamento para a obesidade grave é a cirurgia bariátrica, visto que é um método que apresenta efeitos redutores de peso mais bem documentados nas últimas décadas, e isso se dá principalmente pelo fato de se ter uma restrição de volume do trato gastrointestinal, adicionado aos impactos metabólicos benéficos. Em vista disso, pode-se dizer que os mecanismos referentes aos efeitos metabólicos da cirurgia bariátrica permanecem indefinidos, mas que provavelmente são resultados das alterações na secreção de hormônios intestinais e, também, da transformação do revestimento gastrointestinal.


Como funciona a cirurgia bariátrica?

Os procedimentos bariátricos são variados, mas as intervenções mais populares são a banda gástrica, a gastrectomia vertical e o bypass gástrico em Y de Roux. Resumidamente, a banda gástrica inclui a colocação de um anel de silicone ao redor do estômago, o qual cria uma pequena bolsa gástrica na parte inferior do esôfago. O benefício desse procedimento, é a capacidade de ajustar a banda, o que pode potencializar a perda de peso, de forma que não comprometa a segurança. Ainda assim, o bypass gástrico em Y de Roux além de ser um dos procedimentos mais comuns, também têm um maior efeito na perda de peso, ou seja, o procedimento se baseia criação de uma pequena bolsa gástrica que é costurada na porção mais baixa do intestino, especificamente no jejuno.


Ademais, o restante do estômago e a parte do intestino que foi desativada não são retirados do organismo, logo os alimentos apenas não passam por esse trajeto. Para terminar, a gastrectomia vertical envolve a criação de uma bolsa gástrica longitudinal, longa e fina, a qual reduz o volume do estômago em mais de 80%, que além de um importante efeito de perda de peso, também apresenta uma taxa relativamente baixa de complicações.


Manifestações hormonais

À vista disso, podemos citar algumas alterações hormonais desencadeadas pela cirurgia bariátrica, mas vale lembrar que, esse efeito sobre os hormônios podem variar de acordo com o procedimento executado. Dessa forma, o glucagon, um hormônio produzido pelas células alfa das ilhotas pancreáticas de Langerhans e liberado no momento em que nosso organismo está em estado de jejum, trabalha para aumentar os níveis de açúcar no sangue, o que promove a glicogenólise e a gliconeogênese.


Em vista disso, esse hormônio em relação à cirurgia bariátrica, se encontra sem mudanças na banda Gástrica e diminuído na gastrectomia vertical, sendo que, no bypass Gástrico os dados foram conflitantes, ou seja, os estudos mostraram mais de uma mudança nesse hormônio, logo foram observados em alguns pacientes um aumento, e em outros diminuição ou, até mesmo, nenhuma alteração.


Outrossim, essa cirurgia também afeta os níveis de insulina, hormônio o qual está relacionado ao metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, e que promove a absorção, principalmente, de glicose do sangue para as células de gordura, fígado e músculo esquelético. Na banda gástrica, esse hormônio apresentou dados conflitantes, neutro em alguns casos e elevado em outros, enquanto na gastrectomia vertical e no bypass Gástrico foi observado um aumento. Já a grelina, que além de regular o apetite, também desempenha um papel significativo na regulação da distribuição e taxa de uso de energia, mostrou resultado conflitante em todos os métodos de cirurgia.


Fome X Saciedade

Por fim, outros dois importantes hormônios afetados na cirurgia bariátrica é a CCK (Cholecystokinin), que estimula a digestão de gorduras e proteínas, e o GLP-1 (Glucagon-Like Peptide 1), que tem múltiplas ações na regulação do apetite e da glicose, bem como no sistema cardiovascular, o qual apresentaram dados conflitantes ou não possuía dado para a banda gástrica, mas apresentaram-se elevados tanto na gastrectomia vertical, quanto no bypass Gástrico. De maneira geral, não se sabe se os benefícios metabólicos da cirurgia bariátrica são secundários à perda de peso ou não, mas é claro que existem respostas fisiológicas generalizadas às mudanças na morfologia do trato gastrointestinal.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DIMITRIADIS, G. K., MANPAL, S., ALEXANDER, D.. Miras. Potential Hormone Mechanisms of Bariatric Surgery. Curr Obes Rep. 2017 Sep;6(3):253-265. doi: 10.1007/s13679-017-0276-5. PMID: 28780756; PMCID: PMC5585994.

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