As mulheres já nascem com todos os seus óvulos. A partir da menarca, as mulheres começam a ovular regularmente e por volta da quarta década de vida, as mulheres começam a apresentar ciclos menstruais mais irregulares. Com aproximadamente 45 a 55 anos de idade as mulheres chegam ao final da vida reprodutiva, ou seja, o “estoque” de óvulos acaba, a possibilidade de engravidar cessa e as menstruações não aparecem mais. Essa alteração da função ovariana está associada à redução na secreção dos hormônios ovarianos (estrogênio e progesterona). Essa situação gera diversos sintomas, tais como ondas de calor, atrofia e redução de secreções vaginais, distúrbios do sono, insônia e depressão.
Além desses sintomas, muitas mulheres podem experimentar problemas de cognição durante a transição da vida fértil para a menopausa. As manifestações mais comuns nessa área são:
– dificuldade de aprendizagem ou dificuldade de lembrar algo que visualizou a pouco tempo;
– dificuldade para lembrar nomes;
– problemas com organização e planejamento;
– problemas para se concentrar.
Esses sintomas podem ocorrer em mulheres com menopausa precoce, menopausa tardia e pós-menopausa. A principal preocupação dessas mulheres pode estar relacionada ao possível desenvolvimento de um quadro de degeneração cognitiva grave e irreversível.
O estrogênio – hormônio que reduz drasticamente nessa fase da vida – desempenha funções cognitivas e está associado à memória. Por isso foi levantada a hipótese de que essas alterações estavam associadas ao declínio dos hormônios ovarianos. Outro fator que supostamente corrobora essa hipótese é que as mulheres idosas estão mais suscetíveis a desenvolverem demência relacionada a idade do que os homens.
Iniciar a terapia de reposição hormonal (TRH) antes da última menstruação pode trazer mais benefícios na área de cognição do que iniciar esse tratamento depois da menopausa. Um estudo realizado durante quatro anos identificou que o início precoce da TRH melhora a velocidade de processamento das informações e a memória verbal.
Considerando que a reposição hormonal é capaz de restabelecer os níveis hormonais adequados, é possível que a reposição hormonal interfira positivamente nas funções cognitivas. Os estudos sobre esse assunto ainda são escassos e até o momento conseguiram comprovar que essa terapia não aumenta os riscos de demência ou prejuízos cognitivos.
Além de melhorar a cognição, a TRH traz outros benefícios, tais como redução dos riscos de osteoporose, de doenças cardiovasculares e de demência senil. Nenhuma mulher precisa passar pela menopausa sofrendo com sintomas que tanto reduzem a qualidade de vida, causados pela falta de hormônio. Se você está passando por essa fase, converse com o seu médico sobre a possibilidade de fazer a reposição hormonal.
Referências:
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