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  • Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Musculação e produção natural de testosterona: como isso ocorre?


Você já ouviu falar que o exercício físico, mais especificamente aquele que é feito de forma resistida, com o uso de pesos, como a musculação, pode ser uma forma natural de promover a síntese de testosterona no organismo?


O nosso corpo é uma máquina muito inteligente, com um funcionamento todo interligado em verdadeiros circuitos e o objetivo final sempre é retornar ao equilíbrio. Toda vez que a condição de equilíbrio é perturbada, algum mecanismo é ativado para retornar ao ponto mais estável. Às vezes isso acontece às custas de mais gasto de energia, alguns órgãos podem até acabar se danificando nesse processo (o que, de forma paradoxal, acaba dando origem a diferentes tipos de doença), mas a ideia é sempre voltar ao equilíbrio.


Dito isso, é preciso entender que a prática de musculação é um estressor para o corpo, é um gatilho para a quebra da condição de equilíbrio. Porém, se durante a recuperação, em que acontece a tentativa de retorno à situação de homeostase, o organismo tiver as condições adequadas, a tendência é que ele passe por adaptações, resultando em aumento de massa muscular, força, condicionamento cardiovascular e todos os outros benefícios atribuídos ao exercício físico.


Entre os processos envolvidos nessa recuperação podemos citar: a recuperação dos estoques de substratos metabólicos, a eliminação de resíduos gerados durante o esforço físico, a neutralização de ácidos e a reparação aos tecidos danificados. Muitos desses processos são mediados pela testosterona. Logo, para que eles aconteçam, o corpo tende a aumentar seus níveis em resposta ao exercício, para que as várias vias metabólicas necessárias para a recuperação sejam ativadas. O quanto essas vias sofrerão ativação depende da intensidade da resposta endócrina, ou seja, quanto dos hormônios sinalizadores, como a testosterona, é produzida.


O quanto o exercício estimula essa produção depende da quantidade de musculatura ativada, pois o músculo esquelético é capaz de sintetizar testosterona, e da intensidade do treino, pois quanto mais intenso for, maior vai ser a demanda de recuperação.


O que os estudos mostram é que a testosterona aumenta de forma aguda em resposta ao exercício físico, o que é fundamental para o período de recuperação, mas depois tende a retornar ao seu padrão de produção normal. De forma crônica, os resultados já são mais conflitantes. Existem na literatura casos em que os aumentos agudos em resposta ao treino culminaram em níveis crônicos mais elevados de testosterona; outros casos em que o aumento perdurou somente no período de recuperação; e, ainda, aqueles em que a testosterona acabou caindo ao longo do tempo com a prática de exercício.


A possível explicação para esses diferentes resultados é que alguns fatores influenciam a produção de testosterona em resposta ao exercício:

  • Idade e sexo, sendo mais observada em homens mais jovens;

  • Os níveis de produção hormonal que já são característicos daquele indivíduo;

  • As características do treinamento, pois como já foi citado, o tamanho do grupamento muscular, a intensidade e o nível de dano gerado na musculatura determinam a magnitude da resposta endócrina;

  • Fatores genéticos e o estado nutricional;

  • E, claro, a alimentação (deve estar com oferta adequada de calorias e nutrientes para que esse fenômeno seja observado).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Kraemer, W. J., Ratamess, N. A., & Nindl, B. C. (2017). Recovery responses of testosterone, growth hormone, and IGF-1 after resistance exercise. Journal of Applied Physiology, 122(3), 549–558. doi:10.1152/japplphysiol.00599.2016


Shaner, A. A., Vingren, J. L., Hatfield, D. L., Budnar, R. G., Duplanty, A. A., & Hill, D. W. (2014). The Acute Hormonal Response to Free Weight and Machine Weight Resistance Exercise. Journal of Strength and Conditioning Research, 28(4), 1032–1040. doi:10.1519/jsc.0000000000000317


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