Quando se conhece minimamente a fisiologia do ganho de peso, um dos hormônios mais temidos é o famoso cortisol. Isso deriva de um conhecimento superficial da função deste hormônio, o qual, dentre outras ações, promove a lipogênese central, ou seja, contribui para a famosa barriga. Em razão disso, frases do tipo "estou muito estressado vou engordar" ou, ainda, "não estou conseguindo perder peso por causa do meu cortisol, ando muito estressada".No entanto, a fisiologia não é tão simples…
Na verdade, na maioria das vezes o cortisol NÃO É O GRANDE RESPONSÁVEL DO GANHO EXACERBADO DE PESO. O cortisol, sim, é o grande responsável em uma situação em especial: a Síndrome de Cushing. Trata-se de um conjunto de sinais e sintomas (síndrome) caracterizadas pelo hipercortisolismo crônico.
O cortisol é normalmente mais elevado nas primeiras horas do dia, em que desempenha um papel antagônico ao da melatonina no ciclo sono-vigília. Durante o dia, esse hormônio passa a reduzir até que atinge os seus menores valores durante a noite, deixando o protagonismo para a melatonina. Entretanto, na Síndrome de Cushing, o cortisol permanece alto (dia e noite), trazendo repercussões sistêmicas, como hirsutismo, face em lua cheia e GANHO DE PESO.
Causas e tratamento:
A causa mais frequente para a síndrome de cushing é um tumor na suprarrenal. Na doença de Cushing, pode ocorrer um tumor (adenoma) na hipófise, causando a produção excessiva de ACTH, hormônio que tem como função estimular a suprarrenal a produzir mais cortisol, bem como androgênios. Nesse contexto, é importante salientar que, como o cortisol é um hormônio hiperglicemiante, o paciente com Cushing também pode desenvolver resistência à insulina e, por consequência, diabetes tipo 2.
Pacientes que usam inadvertidamente corticoides, ou possuem alguma doença que exige doses altas de glicocorticoides, como doenças autoimunes e alguns tipos de cânceres, também podem desenvolver síndrome de Cushing.
O tratamento da doença de cushing pode ser feito mediante um procedimento cirúrgico (adenomectomia transesfenoidal) para a retirada do tumor da hipófise. Em alguns casos, a retirada da suprarrenal também é necessária. A radioterapia também pode ser realizada em pacientes que apresentam tumor na hipófise. Já o tratamento medicamentoso pode ser feito com fármacos, como o ketoconazol é metopirona.
Dessa maneira, antes de se preocupar tanto com o cortisol e colocar a culpa do insucesso do seu emagrecimento neste hormônio, certifique-se se o seu protocolo dietético está sendo bem orientado mediante a consulta com um profissional. Em caso de surgimento de sinais, como excesso de pelos incomuns no rosto, ganho de peso excessivo, aparecimento de espinhas e dificuldade para dormir, consulte um endocrinologista ou um nutrólogo, a fim de investigar a possibilidade de ser síndrome de Cushing.
Referências:
TRITOS, Nicholas et al. Management of Cushing disease. 2011. Disponível em: doi:10.1038/nrendo.2011.12. Acesso em: 18 fev. 2022.