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  • Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

O que você deve saber sobre a tireoidite de Hashimoto?


A tireoidite de Hashimoto (TH), também chamada de tireoidite linfocítica crônica ou autoimune, é uma doença caracterizada pela inflamação crônica da glândula tireóide. Pode ser considerada a doença autoimune mais comum, bem como a causa mais comum de hipotireoidismo. Com relação a sua etiologia, a tireoidite de Hashimoto pode ser classificada em primária e secundária. A TH primária, é a forma mais comum de tireoidite e compreende os casos que atualmente não têm causas identificáveis, enquanto a secundária inclui as formas em que um agente etiológico pode ser claramente identificado.


A TH foi descrita pela primeira vez em 1912 e nas últimas três décadas, sua incidência aumentou rapidamente. Atualmente, é uma das doenças tireoidianas mais comuns e possui uma incidência de 0,3 a 1,5 casos por 1.000 pessoas, sendo as mulheres ao menos oito vezes mais propensas do que os homens, bem como é mais comum em brancos e asiáticos do que em afro-americanos.


Apesar de não ser totalmente elucidada, a patogênese da TH está relacionada a influências genéticas, gatilhos ambientais e efeitos epigenéticos. Estudos mostram que vários genes demonstraram estar envolvidos na patogênese da TH, incluindo genes da resposta imune e da função tireoidiana. Por outro lado, os fatores ambientais podem desempenhar um papel importante, por exemplo, o excesso de iodo na dieta pode determinar o aparecimento de HT em indivíduos predispostos, bem como a ingestão insuficiente de selênio com a dieta pode resultar em sua piora. Outrossim, fatores genéticos e ambientais atuam sinergicamente na determinação de HT por meio da modulação de fatores epigenéticos. Logo, esses fatores epigenéticos podem regular a expressão gênica e o fenótipo, resultando no aparecimento da doença na ausência de alterações na estrutura do DNA.


Diagnóstico e características clínicas


O diagnóstico é caracterizado por uma combinação de características clínicas, presença de anticorpos séricos contra antígenos da tireoide e aparência na ultrassonografia da tireoide. Vale destacar que a captação de iodo radioativo pela tireóide e o exame citológico do aspirado de tireoide são usados mais raramente.


As características clínicas incluem manifestações locais e sistêmicas, com peculiaridades específicas. As manifestações locais, se originam da compressão das estruturas cervicais anatomicamente próximas à glândula tireoide e incluem disfonia, dispneia e disfagia, ao mesmo tempo que as manifestações sistêmicas se originam da perda da função da glândula tireóide e subsequente hipotireoidismo primário. Diante disso, em vários órgãos e tecidos, os sinais e sintomas do hipotireoidismo podem ser observados.


No sistema gastrointestinal, a constipação é a queixa mais comum; o peristaltismo está acentuadamente diminuído e pode levar a pseudo-obstrução ocasional ou íleo; e pode ser observado um aumento da formação de cálculos no ducto biliar devido a hipotonia da vesícula biliar e as alterações na composição da bile. A pele desses pacientes costuma ser seca, fria, amarelada e espessa, devido ao acúmulo de mucoproteínas hidrofílicas na derme com consequente mixedema, bem como pela atrofia das glândulas sudoríparas.


Os músculos também podem ser afetados, pois parecem falsamente hipertróficos devido à infiltração mixedematosa do tecido conjuntivo, além de que os tempos de contração e relaxamento são atrasados e podem ser uma fonte de dor e cãibras. No sistema pulmonar, pode-se observar anormalidades respiratórias comuns, como bradipnéia e hipóxia, bem como no sistema hematopoiético é comum o aparecimento de anemias devido ao hipotiroidismo.


Por fim, no sistema reprodutivo os ciclos menstruais costumam ser anovulatórios devido à conversão prejudicada dos precursores do estrogênio. Além de que pode ser observado no sistema urinário, a retenção de líquido por filtração glomerular diminui, assim como a literatura cita no sistema neuropsiquiátrico, casos de incapacidade de concentração, perda de memória e depressão associados a TH.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Caturegli P, De Remigis A, Rose NR. Hashimoto thyroiditis: clinical and diagnostic criteria. Autoimmun Rev. 2014 Apr-May;13(4-5):391-7. doi: 10.1016/j.autrev.2014.01.007. Epub 2014 Jan 13. PMID: 24434360.


Ralli M, Angeletti D, Fiore M, D'Aguanno V, Lambiase A, Artico M, de Vincentiis M, Greco A. Hashimoto's thyroiditis: An update on pathogenic mechanisms, diagnostic protocols, therapeutic strategies, and potential malignant transformation. Autoimmun Rev. 2020 Oct;19(10):102649. doi: 10.1016/j.autrev.2020.102649. Epub 2020 Aug 15. PMID: 32805423.

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