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Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Progesterona Oral vs. Transdérmica: Entenda as Diferenças

A progesterona é um hormônio essencial para a saúde feminina, especialmente durante o ciclo menstrual e a preparação do útero para a gravidez. Durante o climatério, a fase de transição para a menopausa, muitas mulheres recorrem à reposição hormonal para aliviar sintomas como ondas de calor, alterações de humor e irregularidades menstruais. Entre as opções de administração da progesterona, as formas oral e transdérmica se destacam. Mas você sabe quais são as principais diferenças entre elas? Vamos explorar.


Absorção e Metabolização

A forma como a progesterona é absorvida e metabolizada no organismo varia entre a administração oral e transdérmica.

  • Progesterona Oral: Ao ser ingerida, a progesterona passa pelo sistema digestivo e é metabolizada no fígado (primeira passagem hepática). Durante esse processo, grande parte da substância é convertida em metabólitos, como a pregnanolona, o que pode diminuir sua eficácia direta no corpo e potencializar efeitos colaterais. Entre esses efeitos, estão o cansaço e a sonolência, devido à produção de metabólitos sedativos.

  • Progesterona Transdérmica: A progesterona aplicada na pele (via gel, creme ou adesivos) é absorvida diretamente pela corrente sanguínea, evitando a primeira passagem pelo fígado. Isso resulta em uma ação mais direta e eficaz, com uma liberação contínua da substância, e reduz a formação de metabólitos sedativos, minimizando sintomas como fadiga. Além disso, pode oferecer um perfil mais seguro em termos de impacto metabólico, com menores alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos.


Além das diferenças na absorção, as formas oral e transdérmica de progesterona também podem impactar a saúde de maneiras distintas.

  • Efeitos Cardiovasculares: A progesterona oral, ao ser metabolizada no fígado, pode aumentar os níveis de colesterol LDL (colesterol "ruim") e reduzir os níveis de HDL (colesterol "bom"). Por outro lado, a forma transdérmica tem menor impacto nos lipídios sanguíneos, o que pode ser uma vantagem para mulheres com maior risco cardiovascular.

  • Efeitos no Sistema Nervoso: A progesterona oral, como mencionado, pode ter um efeito sedativo devido à produção de metabólitos como a pregnanolona. Isso pode ser útil para mulheres que sofrem de insônia relacionada ao climatério, mas pode ser indesejável para aquelas que necessitam manter altos níveis de energia durante o dia. A progesterona transdérmica, ao evitar essa metabolização no fígado, tende a ter menos efeitos sedativos, sendo mais bem tolerada em mulheres sensíveis a esses sintomas.


A escolha entre a progesterona oral e transdérmica depende de vários fatores individuais, incluindo os sintomas a serem tratados, as condições de saúde preexistentes e a preferência da paciente. Por exemplo:

  • Progesterona Oral: Pode ser uma boa escolha para mulheres que precisam de um efeito mais potente para alívio de sintomas graves de insônia, ou que não têm contraindicações cardiovasculares.

  • Progesterona Transdérmica: É geralmente preferida por mulheres que buscam minimizar os efeitos colaterais da metabolização hepática, ou que apresentam risco aumentado de doenças cardiovasculares ou hepáticas.


Pesquisas científicas demonstram que a progesterona transdérmica pode oferecer um perfil de segurança mais favorável em comparação com a forma oral, especialmente em mulheres pós-menopáusicas com fatores de risco para doenças cardíacas e vasculares. Estudos também sugerem que a progesterona transdérmica está associada a menor risco de trombose venosa profunda (TVP) e acidente vascular cerebral (AVC).


No entanto, cada caso é único, e a personalização do tratamento é essencial. A recomendação final deve ser feita por um médico, que levará em consideração as particularidades de cada paciente.


Referencia

RBAC. Padrão hormonal feminino, menopausa e terapia de reposição. Disponível em: https://www.rbac.org.br/artigos/padrao-hormonal-feminino-menopausa-e-terapia-de-reposicao-48n-3/. Acesso em: 20 set. 2024.

SOUZA, C. F. et al. Terapia de reposição hormonal na menopausa: revisitando evidências. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, São Paulo, v. 62, n. 3, p. 270-280, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abem/a/bnhD8LVvNT9P5yWFvhzfvBc/. Acesso em: 20 set. 2024.

APM. Terapia de reposição hormonal na menopausa: conheça os riscos e os benefícios. Disponível em: https://www.apm.org.br/o-que-diz-a-midia/terapia-de-reposicao-hormonal-na-menopausa-conheca-os-riscos-e-os-beneficios/. Acesso em: 20 set. 2024.


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