O emagrecimento consiste no processo de perda de gordura corporal, estando intrínseca uma melhora de composição corporal, tendo em vista que o tecido adiposo, em excesso, está relacionado a quadros inflamatórios e de disrupção de vários processos metabólicos e endócrinos.
Para emagrecer, a estratégia de base é a adoção de uma dieta adequada e prática regular de atividade física. O planejamento alimentar deve propiciar a adesão no longo prazo, mesmo ofertando menos energia do que a necessária para cobrir o gasto energético total, condição que está relacionada ao aumento da sensação de fome. Uma dieta bem planejada permite o déficit calórico ao adotar padrões alimentares que garantam a nutrição adequada e estejam dentro das preferências do paciente. Em relação ao exercício, o ideal é que haja uma prescrição com frequência, intensidade e tipo de modalidade que propicie um aumento do gasto energético, com um mínimo de 150 minutos semanais de atividade moderada.
Porém, ao fazer o manejo de indivíduos com excesso de peso, tal estratégia pode não ser suficiente, e é aí que entram as recomendações para o uso de medicamentos. As diretrizes recomendam que a farmacoterapia seja incluída no processo de perda de peso, aliada às alterações de estilo de vida, no caso de falha em alcançar perda de peso clinicamente significativa, caracterizada como > 5% do peso corporal total e/ou sustentar a perda de peso em indivíduos que apresentam:
IMC ≥ 27 kg/m² (caracterizado como sobrepeso), aliado à uma ou mais comorbidades relacionadas ao excesso de peso, como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia e outras
IMC ≥ 30 kg/m 2 (já caracterizado como obesidade), com ou sem comorbidades.
Geralmente, recomenda-se que as estratégias de alteração de estilo de vida perdurem por 3 - 4 meses antes do início do uso de medicamentos. Esse também é o prazo para fazer a troca da medicação nos casos em que já esteja sendo usado algum fármaco e não ocorra alteração satisfatória no peso.
É importante lembrar que os medicamentos são uma maneira de aumentar a aderência à dieta e permitir melhora da capacidade funcional do indivíduo para que ele se engaje em atividades físicas (em alguns casos, o excesso de peso impede que o paciente consiga fazer exercício). Logo, as alterações de comportamento e estilo de vida são prioridade, e devem ser acompanhadas durante o processo. Além disso, os efeitos colaterais devem sempre ser elucidados para o paciente e familiares. São exemplos de potenciais efeitos colaterais de medicamentos utilizados no emagrecimento: efeitos gastrointestinais, desenvolvimento de comorbidades e interação medicamentosa.
Outra recomendação de uso da terapia medicamentosa no emagrecimento é no caso de pacientes que fizeram cirurgia bariátrica e apresentaram reganho de peso. Tal estratégia parece ser mais efetiva nos pacientes nessa condição que têm maior IMC e é mais segura do que a cirurgia revisional.
Um ponto essencial ao se iniciar o tratamento medicamentoso no emagrecimento é lembrar que cada paciente responderá de maneira individual ao fármaco, o que depende do estado nutricional atual, outras condições de saúde associadas e histórico familiar de patologias que podem estar associadas ao uso de determinados medicamentos. O ideal é fazer o escalonamento da dose, avaliando a tolerância e nunca ultrapassar os limites aprovados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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