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  • Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Qual a diferença entre reposição e modulação hormonal?

Atualizado: 21 de nov. de 2022



A menopausa representa o fim das menstruações espontâneas da mulher e é um processo biológico natural que acontece na vida da mulher. Ocorre alteração na estrutura e função dos folículos ovarianos. Nesse período, os estrogênios começam a ser secretados em menor quantidade, e por isso, o corpo da mulher fica exposto a um novo ambiente hormonal, designado por hipoestrogenismo.

A reposição hormonal é baseada na administração de estrógenos que representa um grupo de substâncias derivadas da aromatização de andrógenos precursores, progestágenos que, em certo número advém da progesterona sinteticamente alterada, e a associação de ambos os hormônios, sendo que é indicada para alívio dos sintomas relacionados com o período de menopausa.


Essa terapia vem sendo utilizada no controle de manifestações vasomotoras como os picos de calor e urogenitais como ressecamento da mucosa vaginal e dispareunia, que é uma dor sentida ao se tentar a relação sexual, isso está associado à deficiência hormonal na menopausa que ocorre devido ao decréscimo de produção de esteróides. A terapia auxilia também no rejuvenescimento da pele, manutenção da libido, melhora na qualidade de vida e atua como adjuvante da depressão associada à menopausa.


Como mencionado, a terapia de reposição hormonal (THR) tem a finalidade de controlar os sintomas desta fase, que entre outros se destacam: sudorese noturna, prevenção de cardiopatias ou fraturas.


Ainda há muitas incertezas relacionadas à terapia de reposição hormonal, por exemplo, relacionado aos casos de tromboembolismo venoso e aumento na incidência de câncer de mama e da proliferação endometrial como consequência de hiperestrogenismo l, por isso, para a recomendação de tratementos com hormonio (hormonioterapia) é necessário o diagnóstico clínico do climatério, ou seja, a avaliação clínica no período de pós-menopausa deve ser levado em consideração, presença de amenorreia há mais de um ano, acompanhada por sintomas neurológicos ou vaginais, a THR pode ser recomendada mediante avaliação na pré-menopausa em mulheres com mais de 40 anos apresentando sangramento irregular, acompanhado ou não de sintomas.


A administração da THR pode ser local, com cremes, anéis ou comprimidos contendo estrogênio para terapêutica na pós-menopausa. A escolha das vias de administração e forma farmacêuticas incorporadas na terapia deve ser analisada com cautela tanto pelo médico prescritor quanto pelo possível usuário para que haja uma boa adesão ao tratamento.


A terapia de modulação trabalha com hormônios bioidênticos, que são substâncias que possuem exatamente a mesma estrutura molecular encontrada nos hormônios produzidos pelo corpo humano, e, assim como a reposição hormonal, tem como objetivo devolver o equilíbrio hormonal em situações em que a produção de hormônios está baixa, a ponto de prejudicar a saúde, já se diferenciando da situação da reposição hormonal, que atua mais como uma terapia de prevenção e cuidado.


Os hormônios bioidênticos são sintetizados por extração química da diosgenina presente em inhames e soja. A diogenia é quimicamente modificada para produzir o precursor progesterona, no qual é utilizada para sintetizar estrógenos e andrógenos bioidênticos.


Além do mencionado acima, os hormônios bioidênticos possuem efeitos diários e permitem o monitoramento de dosagem individual, diferente de hormônios de origem química ou sintética, no qual as doses são de depósito, ou seja, são feitos para durarem no corpo por períodos prolongados e em concentrações comuns a todos os pacientes; os hormônios biossintéticos se renovam a cada 24 horas no organismo, enquanto os sintéticos podem permanecer no corpo por até 180 dias, podendo levar a um acúmulo de metabólitos ou toxinas.


A terapia hormonal não bioidêntica (terapia de reposição hormonal), sobretudo aquela combinada com progesterona, está associada a maiores riscos de desenvolvimento e recorrência do câncer de mama e não deve ser utilizada em mulheres com passado da doença ou que apresentam alto risco para câncer de mama. A utilização de hormônios bioidênticos permanece incerta, precisando de novos estudos.


Referências:


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DA SILVA, Matheus Moura et al. Evidências contemporâneas sobre o uso da terapia de reposição hormonal. Brazilian Journal of Health Review, v. 2, n. 2, p. 925-969, 2019.


LOBO RA. Hormone-replacement therapy: current thinking. Nat Rev Endocrinol. 2017 Apr;13(4):220-231. doi: 10.1038/nrendo.2016.164. Epub 2016 Oct 7. PMID: 27716751.


CAGNACCI, Angelo; VENIER, Martina. The controversial history of hormone replacement therapy. Medicina, v. 55, n. 9, p. 602, 2019.


ARCANJO, Daiane Mendes; MENEZES, Mariana Rodrigues S. REPOSIÇÃO HORMONAL COM HORMÔNIOS BIOIDÊNTICOS E SEUS EFEITOS PÓS–MENOPAUSA. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 3, n. 7, p. 657-666, 2020.

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