Tudo se resume à uma ideia: o hipotireoidismo caracteriza o estado do funcionamento tireoidiano na na tireoidite de hashimoto, mas a tireoidite de hashimoto não é a única condição em que acontece o hipotireoidismo. Vamos por partes…
A tireóide é uma glândula, que possui um formato bastante similar ao de uma borboleta, e fica localizada na região anterior do pescoço (no que, popularmente, chamamos de garganta). Ela é responsável pela produção dos hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que possuem funções críticas durante o crescimento e desenvolvimento do organismo, além de regularem processos metabólicos em praticamente todo o corpo. Sabe o tal do metabolismo rápido ou lento? Está diretamente relacionado aos níveis circulantes dos hormônios tireoidianos. Estes são secretados em resposta ao estímulo advindo do TSH (Hormônio Tireoestimulante), que é produzido pela glândula pituitária, localizada no cérebro.
O hipotiroidismo é a condição caracterizada por baixos níveis circulantes dos hormônios produzidos na tireóide, e dadas as suas funções, isso impacta na perda de eficiência de todo o funcionamento corporal. Poucos são os casos de hipotiroidismo que acontecem por alguma doença nas regiões cerebrais que estimulam a tireóide. A maioria dos casos é reflexo de uma perda da funcionalidade da tireóide, que perde a capacidade de produzir os hormônios com a mesma eficiência. Para tentar compensar, acontece um aumento dos níveis de TSH, buscando estimular o aumento da produção da tireóide, e essa alteração costuma ser um dos pontos de alerta para o desenvolvimento de um quadro de hipotiroidismo.
Entre as possíveis causas dessa condição, podemos citar: a deficiência de iodo (que atualmente acontece em pouquíssimas regiões ao redor do globo, mas nos locais que está presente é a principal causa do hipotiroidismo), condições inatas que afetam o funcionamento tireoidiano, uso de medicamentos que causam inflamação na glândula, mas a maior parte dos casos ainda é resultado de uma doença autoimune: a Tireoidite de Hashimoto.
Nesta condição autoimune acontece um aumento do volume da tireóide e infiltração de células imunológicas, pois o que está por trás do seu desenvolvimento é a presença de anticorpos que atacam a própria glândula. Existe um fator de susceptibilidade genética muito forte por trás da presença da Tireoidite de Hashimoto, mas fatores ambientais e efeitos epigenéticos são considerados os principais gatilhos para o desenvolvimento da doença.
Uma microbiota que teve a sua formação inadequada, o baixo consumo de selênio, alguns tratamentos utilizados contra o câncer e os hábitos de fumar e beber são exemplos de condições do ambiente que podem aumentar o risco, principalmente em indivíduos já predispostos. Alterações epigenéticas resultantes dessa exposição, por sua vez, são o entrelace entre o ambiente e a expressão genética por trás da Tireoidite de Hashimoto. O diagnóstico é feito a partir de sinais clínicos, aliados com a presença de anticorpos anti-tireóide e visualização de alterações histológicas via exames de imagem.
Como essa doença autoimune não é a única causa possível de hipotireoidismo, é preciso conhecer adequadamente a causa de base se quisermos lançar mão do tratamento adequado. E isso, apenas um profissional especializado pode fazer por você!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ralli, M., Angeletti, D., Fiore, M., D’Aguanno, V., Lambiase, A., Artico, M., … Greco, A. (2020). Hashimoto’s thyroiditis: An update on pathogenic mechanisms, diagnostic protocols, therapeutic strategies, and potential malignant transformation. Autoimmunity Reviews, 102649. doi:10.1016/j.autrev.2020.102649
Biondi, B., & Cooper, D. S. (2019). Thyroid hormone therapy for hypothyroidism. Endocrine. doi:10.1007/s12020-019-02023-7