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  • Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Qual a importância da testosterona em mulheres?


Por ser um hormônio que está associado à diferenciação sexual masculina, muitas mulheres não entendem a importância desse hormônio em seus corpos. Porque, sim, a testosterona está presente nas mulheres e é extremamente importante para o equilíbrio do organismo, até porque é um precursor obrigatório para a biossíntese do estradiol. No corpo feminino, esse hormônio é produzido diretamente nos ovários ou pode ser obtido a partir da conversão periférica da androstenediona e do DHEA, considerados pré-andrógenos, que também são sintetizados nos ovários, mas também nas glândulas adrenais.


O efeito que está mais bem documentado na literatura acerca da importância da testosterona em mulheres diz respeito à sua associação positiva com a função sexual. Maiores níveis desse hormônio se correlacionam com mais desejo, ímpeto e satisfação sexual. Esse fato, inclusive, talvez seja de maior conhecimento geral, assim como os efeitos positivos que a testosterona tem para o anabolismo muscular, e que geralmente também é estendido para o fortalecimento ósseo (apesar dessas duas repercussões fisiológicas, nas mulheres, ainda carecerem de maior respaldo científico). De qualquer forma, existem outras possibilidades de benefícios para o funcionamento e manutenção da saúde do organismo feminino, advindos de níveis adequados de testosterona, que não são tão conhecidos assim.


É um fato que o excesso de hormônios andrógenos favorece o acúmulo de gordura visceral e pode ser um importante fator de risco para o desenvolvimento de resistência à insulina, diabetes, doenças cardiovasculares e outras condições crônicas. Da mesma forma, um estado hipo androgênico também parece ser prejudicial para a saúde feminina. A testosterona possui efeitos favoráveis na função endotelial, no tônus vascular e na resistência vascular periférica, devido a um maior estímulo para a vasodilatação. Dessa forma, níveis adequados são um importante fator de proteção para a saúde arterial.


Até a saúde vulvovaginal parece se beneficiar da testosterona. A atrofia vulvovaginal é uma condição que, usualmente, é tratada com uso local de estrogênio, uma opção muito eficaz e segura. Porém, não o é para todas as mulheres. Aquelas que possuem câncer de mama e fazem uso de inibidores da aromatase, por exemplo, tem contraindicação para essa escolha de tratamento. E a testosterona intravaginal pode ser uma alternativa (inclusive para aquela na menopausa que não tem esse tipo de câncer). Os estudos ainda são pequenos e de pouca representatividade, mas os resultados são promissores, tendo em vista que o uso dessa opção de tratamento melhorou não só a lubrificação local, mas também reduziu a dor durante a relação e a satisfação sexual. Esses resultados indicam que, sim, a testosterona tem um papel importante na manutenção do equilíbrio da região vulvovaginal.


E por fim, a testosterona, assim como o estradiol, possui ação anti-inflamatória e neuroprotetora na região cerebral. Alguns mecanismos propostos para essa atuação são a proteção contra o estresse oxidativo e contra a toxicidade por amilóide beta (que está associada ao surgimento e progressão de condições neurodegenerativas).


Ufa! Imagino que deu para ter uma ideia da importância dos níveis adequados para a saúde da mulher, certo?


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Davis, S. R., & Wahlin-Jacobsen, S. (2015). Testosterone in women—the clinical significance. The Lancet Diabetes & Endocrinology, 3(12), 980–992. doi:10.1016/s2213-8587(15)00284-3


Islam, R. M., Bell, R. J., Green, S., Page, M. J., & Davis, S. R. (2019). Safety and efficacy of testosterone for women: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trial data. The Lancet Diabetes & Endocrinology. doi:10.1016/s2213-8587(19)30189-5


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