A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um dos distúrbios endócrinos mais prevalentes em mulheres em idade reprodutiva. Trata-se, pois, de uma combinação de sinais e sintomas derivados do excesso androgênico e da disfunção ovariana. A causa da SOP ainda é pouco desconhecida, no entanto, cada vez mais estudos sugerem que a SOP pode ser um distúrbio multigênico complexo interligado com fatores epigenéticos, especialmente relacionados ao estilo de vida. Entre os problemas relacionados com a SOP, está a adiposidade abdominal, resistência à insulina, obesidade, distúrbios metabólicos e fatores de risco cardiovascular. Em razão disso, a principal abordagem no tratamento dessa síndrome é a mudança do estilo de vida, com a introdução da realização de atividades físicas e bons hábitos alimentares.
O diagnóstico é realizado mediante o "Critério de Rotterdam", no qual a mulher deve apresentar pelo menos duas das três principais manifestações clínicas:
Alterações menstruais
Hiperandrogenismo
Ovários policísticos
Apesar do nome "policístico" a paciente não precisa apresentar ovários com cistos no exame de imagem, bastando os outros dois componentes para a realização do diagnóstico. No entanto, é importante salientar que um importante fator foi deixado de fora do Critério de Rotterdan, a resistência insulínica!
Assim como em outras doenças, como diabetes tipo 2 e na obesidade, é normal que na SOP a resistência insulínica esteja presente, até porque, como dito anteriormente, um dos fatores epigenétivos mais importantes para o desenvolvimento de SOP é a obesidade. Além disso, estudos recentes têm demonstrado que a hiperadrogenemia causada por essa síndrome pode estimular uma hiperinsulinemia e esta, em médio prazo, provocar uma resistência insulinica, de modo a estabelecer um ciclo vicioso. Assim, a resistência insulínica (RI) não é só um fator em comum entre essas doenças de forma isolada, mas um elo, no qual uma pessoa com Síndrome do Ovário Policístico pode apresentar obesidade e ter riscos aumentados para desenvolver diabetes tipo 2.
Portanto, a SOP não é só uma das principais causas de infertilidade entre as mulheres, mas também um fator de risco importante para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Desse modo, vale ressaltar a necessidade da prevenção por meio da adoção de hábitos de vida saudáveis, com o abandono do sedentarismo e a adesão de uma rotina alimentar equilibrada. Se você apresenta algum sinal de hiperandrogenismo (surgimento de pelos no rosto e em outras regiões incomuns) ou alterações menstruais procure um médico endocrinologia para avaliar o seu quadro clínico e, se necessário, aprofundar a investigação.
Referências:
JOSELYN , Joselyn et al. Polycystic Ovary Syndrome, Insulin Resistance, and Obesity: Navigating the Pathophysiologic Labyrinth. 2014. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1155%2F2014%2F719050. Acesso em: Data inválida.
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