Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade está entre os problemas de saúde mais graves do mundo. No Brasil, essa doença atinge aproximadamente 20% da população adulta e 13% das crianças.
A obesidade aumenta os riscos de resistência à insulina, diabetes, hipertensão arterial, doenças coronarianas, câncer e outras doenças. Ademais, esse excesso de peso é acompanhado por alterações hormonais importantes que contribuem para a manutenção dessa condição clínica.
Em mulheres, o excesso de hormônios androgênicos observado na síndrome dos ovários policísticos favorece o acúmulo de gordura abdominal, que por sua vez gera resistência à insulina. A síntese de insulina estimula a liberação de mais hormônios androgênicos. É um ciclo no qual o excesso de hormônio favorece a obesidade e a obesidade estimula a perpetuação do excesso de hormônio.
Baixos níveis de testosterona estão associados à obesidade, pois favorecem o acúmulo de gordura abdominal. Estudos indicam que a inflamação crônica gerada pela obesidade é capaz de reduzir a secreção de Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais (SHGB), gerando a deficiência de testosterona. Outra causa dessa redução é a conversão de testosterona em estradiol pela aromatase, sintetizada pelo tecido adiposo. Além disso, a obesidade pode gerar uma disfunção no eixo hipotálamo-hipófise-testicular, que atua na síntese de testosterona. Uma forma natural de aumentar a testosterona é a prática de atividade física. Entretanto, em alguns casos, pode ser necessária a reposição de testosterona para auxiliar na perda de peso.
A deficiência de hormônio do crescimento – conhecido como somatotrofina ou GH – também estimula o acúmulo de gordura corporal e ainda prejudica a formação de massa muscular. Durante a atividade física, o GH é responsável por estimular a quebra de energia e inibir a captação de glicose para fornecer energia. A prática de atividade física de alta intensidade é uma forma de aumentar os níveis de GH. Nesse caso, também é preciso avaliar a necessidade de reposição hormonal como forma de tratamento.
Outra alteração hormonal comum em indivíduos obesos é a resistência à leptina. Esse hormônio é sintetizado pelo próprio tecido adiposo e tem como função principal promover a saciedade. Indivíduos obesos geralmente sintetizam a leptina, mas esse hormônio não é capaz de exercer sua função. Até o momento não está esclarecido se a obesidade gera resistência a esse hormônio ou se algumas pessoas já nascem com tal condição.
Algumas alterações hormonais identificadas podem estar relacionadas ao surgimento da obesidade, mas também podem ser consequência desse excesso de peso. O tratamento é mais eficiente quando acompanhado por uma equipe multidisciplinar, que envolve médico (para diagnosticar e tratar as alterações hormonais), profissional de educação física (para prescrever o treino mais adequado para o caso), nutricionista (para orientações nutricionais e, se necessário, prescrição dietética) e psicólogo (para auxiliar na mudança de comportamento e na manutenção dos novos hábitos de vida).
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