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Foto do escritorDra Maria Amélia Bogéa

Reposição Hormonal: a volta da harmonia

Atualizado: 21 de nov. de 2022




A menopausa é um evento fisiológico normal entre mulheres, ocorrendo principalmente em uma idade média de 51 anos. Por definição, esse é o período final da menstruação - resultado de uma diminuição acentuada da produção de estrogênio ovariano. Os baixos níveis de estrogênio desencadeiam diversos sintomas, tais como a sudorese noturna, ondas de calor, dificuldade para dormir, alterações de humor, dentre outros.


Posto isso, nessas circunstâncias, a terapia hormonal para a menopausa pode ser utilizada para aliviar os seus sintomas.


A reposição hormonal é feita para complementar os hormônios reduzidos nesse período, seja na forma de estrogênio para mulheres sem útero, seja na combinação entre estrogênio-progestagênio para mulheres com útero (sendo essa combinação uma estratégia utilizada para prevenir a hiperplasia ou câncer endometrial).


As vias de administração são variadas, podendo ser por via oral ou transdérmica, e em geral podemos dizer que essa reposição hormonal tem quatro indicações:


  1. Na presença de sintomas vasomotores incômodos, ou seja, as ondas de calor e sudorese noturna, com ou sem despertar;

  2. Na prevenção da osteoporose e redução de fraturas;

  3. Na síndrome geniturinária da menopausa;

  4. Na insuficiência ovariana prematura e menopausa natural precoce.


Porém, da mesma forma que a reposição hormonal pode trazer vários benefícios, seu uso também está associado a alguns efeitos colaterais já discutidos na literatura. De acordo com estudos, essa reposição aparenta estar associada a um risco aumentado de câncer de mama, infarto do miocárdio, doença cerebrovascular e doença tromboembólica.


Contudo, é importante ressaltar que as contraindicações para a reposição são para casos específicos, como por exemplo: mulheres com doença cardíaca, câncer de mama e tromboembolismo venoso provocado por estrogênio; e que os riscos estão associados a pessoas que já tenham alguma predisposição. Desse modo, um rastreamento deve ser feito pelo profissional antes de iniciar o tratamento para conhecer todo o histórico da sua paciente e saber se de fato esse tratamento deve ser indicado ou não. Isso torna o aconselhamento médico fundamental.


Ademais, os efeitos adversos mais comuns estão relacionados à náusea, inchaço, ganho de peso, retenção de líquidos, alterações de humor e sensibilidade mamária.


Se por um lado muitas têm medo, por conta da complexidade e da incerteza das informações -- o que acaba dificultando a tomada de decisão; por outro, cada vez mais mulheres tem sido encorajadas a fazer a reposição hormonal para voltar a harmonia do organismo de antes dos sintomas da menopausa.


Até porque, a terapia de reposição hormonal pode não só melhorar a qualidade de vida dessas mulheres, que apresentam os sintomas desencadeados pelos baixos níveis de estrogênio, como também pode ser benéfica em outros aspectos, como o fato de reduzir a perda óssea em locais clinicamente relevantes (como a coluna vertebral e o colo do fêmur).


Diante disso, é muito importante que as mulheres sejam aconselhadas sobre os riscos, mas também sobre os benefícios em relação à reposição hormonal, antes de iniciar ou interromper o tratamento, além de um acompanhamento com um endocrinologista, que possa aconselhar as pacientes sobre qual melhor forma de tratamento. Eu recomendo que a reposição hormonal seja feita de forma individualizada, associada a uma avaliação completa da paciente.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DELIGDISCH-SCHOR, L., MAREŞ MICELI, A. (Eds.). (2020). Hormonal Pathology of the Uterus. Advances in Experimental Medicine and Biology. doi:10.1007/978-3-030-38474-6 10.1007/978-3-030


HARPER-HARRISON, G., SHANAHAN, M.M.. Hormone Replacement Therapy. [Updated 2022 Feb 17]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK493191/


RYMER, J.. Making decisions about hormone replacement therapy. BMJ, 2003, 326(7384), 322–326. doi:10.1136/bmj.326.7384.322

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