Primeiramente, é importante esclarecer que a menopausa é definida como a ausência de períodos menstruais que acontece normalmente quando a mulher atinge 45-55 anos, concomitante a um diagnóstico retrospectivo de ausência da menstruação por ao menos 12 meses. Desse modo, é um momento evolutivo que pode impactar a qualidade de vida das mulheres, aumentando o risco para o desenvolvimento de algumas doenças, tais como doenças cardiovasculares e metabólicas. Nesse sentido, um aspecto muito característico da menopausa é a redução dos níveis de estrogênio no organismo, sendo esse um importante gatilho para alterar o gasto energético total em repouso, assim como mudanças significativas no metabolismo e na composição corporal, ou seja, uma redução da massa magra e aumento do tecido adiposo.
Assim, é importante destacar que o excesso de gordura corporal é um dos principais fatores de risco para o quadro de resistência à insulina, que leva a hiperglicemia. Ou seja, o excesso de tecido adiposo, característico do sobrepeso e obesidade, leva a uma maior concentração de ácidos graxos livres circulantes, o que aumenta o fluxo de utilização desses ácidos graxos pelo tecido muscular. O músculo, conhecido por ser o tecido metabolicamente mais ativo, passa a usar mais gordura para gerar energia, fazendo com que ocorra menor captação de glicose circulante. Com isso, o quadro de hiperglicemia pode ser cada vez mais frequente nas mulheres após a menopausa, aumentando o estímulo para a produção de insulina. Nesse cenário temos hiperglicemia acompanhada de hiperinsulinemia, característico na resistência à insulina. Isso quer dizer que a obesidade coloca o pâncreas em um estado de trabalho constante, e caso isso não seja corrigido, pode haver falência desse tecido com o passar dos anos. Vale ressaltar que, a obesidade relaciona-se a um quadro inflamatório crônico o que contribui na piora da resistência insulínica.
Ainda assim, a resistência à insulina ainda afeta a fisiologia do organismo de várias maneiras causando hiperglicemia, hipertensão, dislipidemia, adiposidade visceral, hiperuricemia, elevação de marcadores inflamatórios, além de disfunção endotelial. Outrossim, quando falamos de resistência à insulina significa que, apesar de uma possível produção acentuada, a mesma não consegue cumprir com a sua função como deveria, contexto que a longo prazo pode levar ao desenvolvimento de alterações metabólicas, como o diabetes tipo 2. Ademais, o diabetes é uma das principais doenças metabólicas, caracterizada por níveis elevados de açúcar no sangue que levam a sérios danos a muitos tecidos ao longo do tempo. À vista disso, o diabetes mellitus é resultado de uma secreção insuficiente de insulina associado com a resistência à insulina nos tecidos hepático, esquelético e/ou adiposo.
No fim das contas, percebemos que a falta de cuidado nesse período da menopausa pode levar a desfechos não favoráveis para a saúde, e essa circunstância mostra a importância de uma acompanhamento com um endocrinologista e, também, quando necessário fazer uso da reposição hormonal. A resistência à insulina é apenas uma das várias reações que esse desbalanço hormonal pode desencadear, assim é importante que as mulheres sempre estejam atentas aos sinais e sintomas que o organismo mostra ao longo dos anos, principalmente quando se aproximam do período relacionado à menopausa
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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