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ResistĂȘncia Ă  progesterona pode ser um dos fatores que desencadeiam a endometriose

  • Foto do escritor: Dra Maria AmĂ©lia BogĂ©a
    Dra Maria Amélia Bogéa
  • 22 de abr. de 2022
  • 2 min de leitura

Relembrando:


A endometriose é uma das principais causas de dor pélvica entre mulheres em idade reprodutiva. Como jå abordado em textos do blog e do Instagram, a sua fisiopatologia estå fortemente relacionada com fatores genéticos, ambientais, håbitos alimentares e sedentarismo. Além disso, é importante lembrar que trata-se de uma doença estrógeno-dependente, isto é, depende da ação trófica desse hormÎnio, especialmente da sua versão biologicamente ativa, o estradiol (E2). Isso porque, o estradiol exerce uma ação mitótica (ploriferativa) responsåvel pelo crescimento e inflamação do tecido endometriótico, inclusive os ectópicos.


ResistĂȘncia Ă  progesterona:


A progesterona pode aliviar a dor limitando o crescimento e a inflamação na endometriose, todavia, uma parcela das mulheres com endometriose nĂŁo respondem ao tratamento com progestinas. Cabe ressaltar, ainda, que as alteraçÔes moleculares induzidas pela progesterona no tecido endometrial eutĂłpico –localizado no sĂ­tio normal, ou seja, uterino– de mulheres com endometriose sĂŁo embotadas ou indetectĂĄveis. Essas observaçÔes in vivo sugerem uma resistĂȘncia Ă  progesterona, ou seja, uma resposta reduzida a esse hormĂŽnio em um contexto de endometriose. Mas para entender melhor esse processo, precisamos falar da ação da progesterona em situaçÔes nĂŁo patolĂłgicas.


Situação fisiológica:


No endomĂ©trio normal, a progesterona atua nas cĂ©lulas do estroma para induzir a secreção de fatores parĂĄcrinos. Esses fatores (ainda nĂŁo completamente elucidados), atuam nas cĂ©lulas epiteliais vizinhas (definição de ação parĂĄcrina) para induzir a expressĂŁo da enzima 17beta-hidroxiesterĂłide desidrogenase tipo 2 (17beta-HSD-2), que metaboliza o estrogĂȘnio biologicamente ativo E2 em estrona (E1). AlĂ©m disso, em situação fisiolĂłgica, a progesterona atua de modo a promover a apoptose, ou seja, a morte celular programada de cĂ©lulas com anomalias. Esse processo Ă© importante para que as cĂ©lulas anĂŽmalas nĂŁo se ploriferem e, assim, causem danos ao corpo.



Situação patológica:


JĂĄ no tecido endometriĂłtico, a progesterona nĂŁo induz a expressĂŁo epitelial de 17beta-HSD-2 devido a um defeito nas cĂ©lulas do estroma. Essa incapacidade das cĂ©lulas estromais endometriĂłticas de produzir fatores parĂĄcrinos induzidos por progesterona pode ser devido Ă  falta de receptores de projesterona-B (PR-B) e nĂ­veis muito baixos de receptor de progesterona A (PR-A) –por isso a resistĂȘncia–observados in vivo no tecido endometriĂłtico. O resultado final Ă© o metabolismo deficiente de E2 na endometriose, dando origem a altas concentraçÔes desse hormĂŽnio.



ReferĂȘncias:


BULUN, Serdar et al. Progesterone resistance in endometriosis: Link to failure to metabolize estradiol. 2006. DisponĂ­vel em: 10.1016/j.mce.2005.11.041. Acesso em: 24 mar. 2022.


BULUN, Serdar et al. 17Beta-hydroxysteroid dehydrogenase-2 deficiency and progesterone resistance in endometriosis. 2010. DisponĂ­vel em: 10.1055/s-0029-1242992. Acesso em: 24 mar. 2022.


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